segunda-feira, 3 de março de 2008

Página 05: O "sebastianismo" e a seca


Em posts passados, eu comentava sobre o mito que se formou em volta do desaparecimento de Dom Sebastião em Alcácer -Quibir. Os historiadores chamam esse mito de "sebastianismo", tendo ele atravessado os século e também o oceano, chegando e adaptando-se às terras brasileiras.


Por foi aqui, nosso castigado sertão nordestino foi palco de sua mais dramática versão, onde pregações messianicas afirmavam que tanto Jesus Cristo quanto Dom Sebastião voltariam para acabar com o sofrimento (que não era - nem é - pequeno) e julgar os infiéis (leia-se aí autoridades, latifundiários, etc).


Mas, siga o raciocínio: se querem a volta de um rei, então são monarquistas. Se são monarquistas, querem derrubar a república. Se querem derrubar a república, são traidores da pátria. Se são traidores da pátria ... fogo neles!

Pelo menos essa era a justificativa para reprimir violentamente esses movimentos messiânicos na nossa recém fundada república. E foi assim, escrita a história do sebastianismo no Brasil: com muito sofrimento e com muito sangue.


Apesar de não haver provas de que a pregação de Antônio Conselheiro (o grande pregador de Canudos) se referisse ao retorno de Dom Sebastião, alguns indícios apontam para isso, como por exemplo alguns versos encontrados em Canudos por Euclides da Cunha:


"Visita vem fazer / Rei D. Sebastião / Coitadinho d'aquele pobre / Que estiver na lei do Cão."


Bem que poderia ter sido escritos por um de nossos personagens ...

Nenhum comentário: